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Nutrindo recomeços: Cáritas Brasileira auxilia famílias migrantes no acesso à alimentação saudável.

Projetos

Valeria Zamora chegou a Roraima com a saúde da família comprometida e sem condições financeiras para se alimentar.

Publicação: 05/01/2023



Valeria e a família recebem refeição no Posto de Recepção e Acolhimento (PRA), em Boa Vista. (Foto: Lairyne Silva/ Cáritas Brasileira)


Valeria Zamora é migrante venezuelana e chegou em Roraima em setembro de 2022. Devido à crise política, social e econômica que a Venezuela enfrenta, a família precisou abandonar o país e construir um futuro em outro lugar. Eles percorreram mais de 800 km até chegar à capital Boa Vista, Roraima, Brasil. “Escolhi deixar o meu país devido à situação que ele se encontra. Passamos dois dias viajando de ônibus para chegar até Pacaraima (município do Estado de Roraima) e fomos recebidos no Posto de Recepção e Triagem (PTRIG) onde tiramos a nossa documentação.”, relatou. 

Sem moradia e condições financeiras, ao chegar na capital Boa Vista (RR) Valeria buscou ajuda no Posto de Recepção e Apoio (PRA), onde tem pernoitado com os três filhos. O Posto de Recepção e Apoio é uma estrutura da Operação Acolhida de atendimento para migrantes e refugiados que estão em situação de rua em Boa Vista. No PRA é possível pernoitar, acessar informações, tomar banho, utilizar instalações sanitárias, guardar bagagens e acessar as refeições. 



Preparação de refeições em Boa Vista, Roraima (Foto: Hannah Kyle)


No PRA, Valéria tem acesso às refeições oferecidas pelo Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas da Cáritas Brasileira, com financiamento do Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da Agência dos Estados Unidos pelo Desenvolvimento Internacional (USAID). A família se alimenta por meio do Projeto Sumaúma há 2 meses. Valéria comenta sobre o impacto dessas refeições na vida da sua família. “Quando saímos da Venezuela estávamos muito fracos e sem saúde, minha filha de 11 anos emagreceu muito e agora que está se alimentando com as refeições do Sumaúma ela já recuperou 12 kilos. Para mim a comida é muito boa. É saborosa. Nós que temos outra cultura… até isso é pensado, o cardápio tem frango e feijão-preto que são minha comida preferida”, disse.  De fato, é uma preocupação da Cáritas Brasileira oferecer refeições acolhedoras, que correspondam às necessidades e preferências da comunidade beneficiada, conforme os mecanismos de empoderamento comunitário e feedback sobre a assistência alimentar. Na última Pesquisa de Pós-Distribuição Aprimorada, realizada em setembro de 2022, 99,60% das pessoas entrevistadas afirmaram participar de decisões sobre a utilização da Assistência Alimentar e 82,57% dos beneficiários informaram estarem muito satisfeitos ou satisfeitos com as refeições oferecidas. 


Valéria e os filhos no refeitório do Projeto em Boa Vista, Roraima. (Foto: Lairyne Silva/ Cáritas Brasileira)


Dados da pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), publicada em 2022, revelam que 33,1 milhões de pessoas no Brasil não têm o que comer. Junta-se a esse panorama a situação da migração no estado de Roraima, que abriga a maioria das pessoas migrantes venezuelanas em seu território. O Relatório da R4V 2022 aponta que 71% das famílias venezuelanas no estado de Roraima não estavam se alimentando o suficiente.  

Sensível a essas duas realidades, a Cáritas Brasileira une esforços junto ao Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da Agência dos Estados Unidos pelo Desenvolvimento Internacional (USAID) e à Associação Mexendo a Panela para desenvolver o Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas, que foi lançado oficialmente no dia 01 de agosto, no PRA, localizado na rodoviária de Boa Vista em Roraima sendo gerido pela Operação Acolhida (governo federal brasileiro) com o apoio da Organização Internacional para as Migrações. O projeto tem o objetivo de preparar e fornecer duas refeições nutritivas - café da manhã e almoço, 6 dias da semana, além de uma alimentação complementar no período da tarde para grupos vulneráveis, como gestantes e bebês. Após três meses de implementação do programa, a maioria dos que recebem a assistência alimentar do Sumaúma são capazes de reportar uma pontuação aceitável de consumo de alimentos (FCS Score), indicando que estão comendo a quantidade e diversidade dos grupos alimentares. 

Para a beneficiária Valéria, o apoio com as refeições tem ajudado ela e a família a enfrentar as dificuldades do dia a dia, já que não possuem condições financeiras para pagar aluguel e nem para se alimentar. A família espera o apoio da Operação Acolhida para se deslocar ao sul do Brasil: “Não está sendo fácil, meu esposo está no estado do Paraná trabalhando. Pretendo conseguir uma oportunidade de interiorização para conseguirmos viajar até onde meu esposo está. Já dei entrada nesse processo e agora estou aguardando a data da viagem.”, completou. Mesmo com os obstáculos, a família não perde o sorriso no rosto e a esperança de dias melhores. Ela deseja construir um futuro no Brasil, país que lhe ajudou e a acolheu. "Quero estudar, trabalhar e dar melhores condições de vida para os meus filhos e quero que eles também estudem e sigam adiante.”, finalizou.  Valéria é uma das milhares de pessoas que se beneficiam do programa apoiado pela USAID. Entre agosto e outubro, o Sumaúma alcançou 4 mil 903 pessoas, por meio de 21 mil 203 refeições distribuídas. 


Distribuição de refeições preparadas (Foto: Lairyne Silva/ Cáritas Brasileira)


Além de seu apoio para minimizar a situação da fome e o sofrimento de migrantes e refugiados venezuelanos que estão em situação de rua em Boa Vista, a iniciativa também atua na promoção do aleitamento materno e divulga informações sobre nutrição. Essa ação da Cáritas Brasileira entende que ter uma alimentação de qualidade é o primeiro passo para que migrantes e refugiados possam se fortalecer e reconquistar sua autonomia em um novo país.  


Sobre o Sumaúma

O Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas é uma ação da Cáritas Brasileira, com financiamento do Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da Agência dos Estados Unidos pelo Desenvolvimento Internacional. Durante a implementação, o projeto prevê que serão preparadas 916 mil refeições, servidas para uma média de 6 mil pessoas migrantes venezuelanas em Boa Vista. A execução do projeto acontece em parceria com o projeto Mexendo a Panela e com a Cáritas Diocesana de Roraima. O Projeto fornece café da manhã direcionado a mulheres e crianças nas dependências da Igreja Santo Agostinho, o almoço é servido no PRA (Posto de Recepção e Acolhimento e lanche da tarde nas dependências da Igreja Nossa Senhora da Consolata. 


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